Pequenos Produtores Rurais serão despejados essa semana
Após 1 ano de luta, os pequenos agricultores da Fazenda do
Rio do Peixe serão notificados e terão que deixar suas terras. O caso vem de
uma longa contradição judicial e foi dado ganho de causa a Roma Empreendimentos
na ultima semana. Cabe recurso, mas os produtores estão preocupados com a ordem
de despejo que está para ser cumprido até o dia 22 de março. As famílias ainda
não foram notificadas, mas a CPT – Comissão Pastoral da Terra recebeu a informação e já acionou os
advogados.
Desde que foi anunciada a decisão, o abuso de poder da parte da Deputada é
descarada, pois seu helicóptero sobrevoa a área o dia todos, dando rasantes nas
propriedades.
Entenda o caso
Do lado dos
pequenos agricultores: A
Fazenda Vala do Rio do Peixe é uma propriedade do Estado de Goiás, de 250
alqueires, em torno a 1.250 hectares. Há cerca de 15 anos, a terra começou a
ser ocupada por famílias, que dela tiraram seu sustento, fruto de muito
trabalho. Em 2003, foi lavrado no Cartório de Pires do Rio (GO) a Escritura
Pública de Declaração de Ocupação do Imóvel Rural. Em junho do ano seguinte, a
Agência Goiana de Desenvolvimento Rural e Fundiário, Agência Rural, demarcou os
25 lotes da área, elaborando e entregando a cada família o respectivo mapa. Em
2006, a CELG estendeu a linha de energia a todas as propriedades.
Do lado da
pretendente da área: Quem
pretende a área é o grupo Roma Empreendimentos e Turismo Ltda., que segundo seu
site, atua no setor Hoteleiro, de Viagens, Construção, Mineração e Imobiliário,
na região das Águas Quentes de Goiás e é o maior e o melhor grupo hoteleiro do
Estado. O grupo começou a ser formado em 1972 por Magda Mofatto Hon.
O Roma
Empreendimentos e Turismo tinha uma pendência jurídica com o Banco de
Desenvolvimento do Estado de Goiás (hoje inexistente) desde os anos 1990. Esta
pendência foi resolvida pela sentença do juiz Dr. Ari Ferreira de Queiroz, da
3ª Vara da Fazenda Pública Estadual, que no final de 2011 deu ganho de causa ao
grupo, estabelecendo que o Estado deveria pagar à ele em torno de R$ 50
milhões. Ao que tudo indica, a pretendente propôs receber em áreas de
propriedade do Estado (duas em Goiás e uma no Tocantins) o valor a que tinha
direito, o que foi aceito pelo Juiz. Este emitiu Mandado de Imissão de Posse e
determinou sua execução via Carta Precatória ao Juiz da Comarca de Santa Cruz
de Goiás, para o caso da Fazenda Vala do Rio do Peixe. Outra carta precatória
foi emitida para o Tocantins, para a imissão de Posse da Fazenda Água Preta, no
município de Santa Terezinha do Tocantins.
As famílias
de Santa Cruz deGoiás contrataram um advogado que entrou, no dia 12 de março,
com um processo de embargo de terceiros e com pedido de liminar de manutenção
de posse. No dia 15, o mesmo juiz Dr. Ari, rejeitou o pedido, alegando
“ausência de efetiva posse dos imóveis, pois nem sequer moram neles, aquisições
recentes e perda de prazo de cinco dias”, e determina a continuidade do
processo de desocupação. Este despacho se baseia em fotografias e relatos
resumidos da parte interessada em ter a área.
Diante desta
situação, a CPT denuncia, em primeiro lugar, a omissão do Estado de Goiás que
muitas vezes garantiu às famílias a regularização definitiva dos seus lotes e
nunca o fez. Agora empurra as famílias a um confronto direto e desleal com o
capital. Não se têm notícias de sua intervenção para buscar uma solução deste
caso de acordo com preceitos da Justiça Social.
Em segundo
lugar denuncia o juiz, que numa ação contra o Banco de Desenvolvimento
Econômico do Estado de Goiás aceita que alegada dívida seja paga com uma área,
sem averiguação prévia, já ocupada e trabalhada há anos por famílias simples e
honestas que delas tiram seu sustento.
Também
ressalta a nula imparcialidade do juiz que aceita provas da parte interessada
como verdadeiras, afirmando que os agricultores sequer moram nos imóveis,
quando a sentença lhes foi entregue em seus lotes e ainda alega perda de prazo
de recurso, quando as famílias só tomaram conhecimento desta ação ao serem
surpreendidas pela presença do oficial de justiça acompanhado pela polícia.
Mais uma vez
fica claro de que lado a Justiça se posiciona quando se faz acompanhar na
execução da sentença da parte interessada, inclusive com utilização de seus
veículos.
Todo este
processo se insere numa nebulosa em que quem dispõe do poder econômico se faz
ressarcir de alegados prejuízos que devem ser pagos por toda a sociedade
através do Estado. O que se sente ao ver uma decisão como essas é que estão em
jogo interesses não muito explícitos e que mereceria passar pelo crivo do
Conselho Nacional de Justiça.
Quem é Magda Mofatto
Política e
empresária, Magda Mofatto tem muitas
faces. Cassada por abuso do poder
econômico e captação ilícita de votos
quando era prefeita em Caldas Novas em
2006 . Foi investigada em
2010 e mais 25 pessoas, e empresários conhecidos, como Carlinhos Cachoeira,
empregados da Caixa Econômica Federal (CEF) e agentes públicos municipais, por
atos de improbidade administrativa que acarretaram o desvio de R$ 1.272.922,80
de verbas públicas.
Em 2009
enfrentou processo por quebra de decoro parlamentar na Câmara de Vereadores. A
corregedoria da Casa acolheu a denúncia do advogado Rodrigo Resende Lobo comprador
de uma fazenda de Magda em 1998 no município de Mozarlândia, que alega estar
sendo ameaçado de morte pela vereadora. O motivo seria a negociação do imóvel,
que é alvo de ação na Justiça Federal. Mais um processo que não deu em nada.
Em 2010 O
promotor de Justiça Delson Leone Júnior, da Curadoria de Meio Ambiente de
Caldas Novas, propôs ação civil pública requerendo que seja determinado à
ex-prefeita de Caldas Novas Magda Mofatto e seu marido, Flávio Canedo, a
demolição de todas as obras edificadas irregularmente em imóvel pertencente ao
casal, localizado às margens do Lago da Usina Hidrelétrica de Corumbá I.
Conforme sustenta o promotor na ação, as construções do imóvel estão em área de
preservação permanente (APP), em área do pontal de uma península do lago.
A política e
empresária usa meios muito sinistros para conseguir o que quer. Usa através de
seu companheiro, Flavio de Paula Canedo e seus funcionários para pressionar e
ameaçar os pequenos produtores, como aconteceu em março do ano passado em Santa
Cruz de Goiás e Santa Terezinha em
Tocantins. Hoje, pelo poder político da deputada, Flavio de Paula Canedo um
condenado pela justiça pelo crime de tortura, é o diretor-presidente do
Departamento Municipal de Água e Esgoto de Caldas Novas (Demae) de Caldas
Novas.
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